Capital de giro para micro e pequenas empresas: entenda tudo aqui!
Você já ouviu falar em capital de giro? Ele é de extrema importância para uma empresa, já que o negócio precisa dele para nascer, manter-se e crescer. A ideia de abrir uma micro ou pequena empresa sem recursos financeiros faz parte dos planos de muitos que desejam empreender. Mas a verdade é que essa é uma meta difícil de ser alcançada.
Sim, alguns conseguem. Porém, para isso, você precisará ter em mãos uma proposta realmente inovadora, quase revolucionária. Na maioria dos casos, é o capital que vai tirar do papel o seu sonho empreendedor. E mais: a necessidade de capital não desaparece com a abertura do negócio.
Muito pelo contrário! Dependendo do tipo de empreendimento, é preciso, inclusive, iniciar com dívidas. Geralmente, o empresário tem que começar realizando compras junto a fornecedores para, então, dar início à produção, vendas ou prestação de serviços e, aí sim, começar a faturar.
Esse tempo entre a despesa e o recebimento pode representar um desafio e, por vezes, limita a sobrevivência da empresa. E, se você está pensando em iniciar um negócio, precisa saber que a necessidade de capital tampouco termina no período imediatamente posterior à abertura. Ela permanecerá.
E a maneira como você vai gerenciar esse problema determinará o crescimento de seu empreendimento. Ficou preocupado? Então, siga a leitura do post e descubra como garantir esse recurso financeiro necessário para se constituir e para sobreviver ao longo do tempo — o chamado capital de giro. Vem com a gente!
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Índice
O que é capital de giro?
Capital de giro são os valores necessários para o empreendedor fazer seus negócios acontecerem. Com esses recursos, a empresa desempenha suas atividades diárias, ou seja, faz a produção girar.
Ele representa os bens da empresa que podem ser convertidos, dentro de um curto prazo, em capital, como dinheiro em caixa, saldo em conta-corrente, contas a receber, aplicações e mercadorias, por exemplo.
Em linhas gerais, o capital de giro é o resultado da diferença entre o dinheiro disponível da empresa e o dinheiro que será utilizado para saldar suas dívidas, sejam elas despesas fixas, gastos necessários para a prestação de serviços e para a comercialização ou outro tipo de gasto extra.
O capital de giro faz parte da organização e do planejamento financeiro de um negócio e tem grande participação na situação de seu fluxo de caixa, sendo uma parte fundamental para a empresa crescer de forma sustentável.
Muitas micro e pequenas empresas no Brasil não chegam a completar um ano de atividade exatamente porque não tiveram gestores preocupados com sua saúde financeira, o que afeta os investimentos em médio e longo prazo, fazendo com que o empreendimento entre em déficit.
Quando não há uma liquidez imediata, ou seja, quando não há recursos no caixa ou em contas bancárias, a empresa precisa buscar dinheiro junto a terceiros para que consiga, então, saldar suas dívidas. Isso significa que o capital de giro é fundamental para afastar o “fantasma” do fechamento que ronda micro e pequenas empresas no país.
Uma regra básica do capital de giro é que quanto maior o intervalo entre a compra e o pagamento, maior será a necessidade de capital de giro. Confira alguns exemplos práticos:
Capital de giro na indústria
Uma pequena fábrica de bolsas, por exemplo, precisa comprar diversos materiais para produzir suas peças, sendo o couro o principal deles. Geralmente, as compras são feitas em grandes quantidades, o que significa um gasto inicial alto, seja para manter o estoque, seja para atender a um pedido específico.
Por isso, um componente imprescindível para estipular o recurso financeiro que será necessário é o prazo estimado para a produção. É esse dinheiro que vai:
- viabilizar a compra de insumos;
- pagar custos operacionais;
- pagar funcionários;
- manter a estrutura ativa até a conclusão do pedido e a concretização da entrega.
Quando a compra for à vista e o recebimento de maneira parcelada, a necessidade de capital de giro será ainda maior.
Capital de giro no comércio
Um comércio varejista de roupas femininas, por exemplo, realiza com frequência compras para repor o estoque. Nesse caso, o prazo de pagamento é um pouco diferente do que acontece em escala industrial, já que se tem um gasto volumoso para se receber aos poucos, conforme cada peça é vendida.
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Sendo assim, há uma necessidade de capital de giro permanente. Mas não se engane: ela nunca será a mesma. Na maioria das vezes, no momento da compra e nos dias que a sucedem, a necessidade de recursos financeiros para custear a operação passa a ser maior. E isso inclui todas as obrigações financeiras.
Capital de giro em serviços
Empresas que prestam serviços costumam precisar de menos recursos para se manterem ativas do que outras atividades — salvo exceções. Isso acontece porque o principal gasto desse tipo de negócio envolve a mão de obra.
O gasto com produtos em uma prestadora de serviços de pintura residencial, por exemplo, está relacionado, em grande parte, com materiais fixos, como rolos, pincéis e equipamentos de proteção individual. Como não são descartáveis, as compras não ocorrem com frequência.
Por outro lado, essa prestadora de serviços tem despesas mais frequentes com os salários dos profissionais e com impostos. Já em outros casos, como restaurantes, algumas características os aproximam da necessidade de capital de giro de um comércio.
Isso porque trabalham com produtos perecíveis, que exigem reposição e compras diárias.
Qual a diferença entre capital de giro e investimento fixo?
Quando um empreendimento começa as suas atividades, recebe dois tipos de investimentos. Um deles, como vimos, é o capital de giro, que compõe a reserva de dinheiro que será utilizada ao longo do tempo, de acordo com as necessidades financeiras do negócio.
Esses recursos ficam alocados na conta-corrente, nas contas a receber, no caixa ou nos estoques. Porém, essa empresa também precisará investir em itens do ativo imobilizado, como móveis, máquinas e o próprio imóvel que vai ocupar. Essa outra parte é o que chamamos de investimento fixo.
Ele corresponde às despesas para dar início ao negócio, com todos os bens necessários para que tudo funcione conforme o planejado. A previsão de qual será o investimento fixo adequado deve ser um dos primeiros passos de um plano financeiro. Mesmo quando se compra uma empresa que já existe, essa etapa deve ser realizada porque, com ela, você poderá documentar todo o patrimônio do empreendimento.
Mas o empresário deve estar atento: não invista todo o capital em ativos imobilizados porque, dessa forma, terá dificuldades para sobreviver ao longo dos primeiros meses, quando o faturamento, geralmente, não é suficiente para pagar os débitos. Nesse momento, o capital de giro é fundamental. Além de ser usado pela empresa para pagar esses débitos, ele garantirá o fôlego necessário para novos investimentos.
O ideal é manter um equilíbrio entre o investimento fixo e o capital de giro — dois conceitos que, apesar de distintos, devem fazer parte do planejamento financeiro de qualquer micro ou pequena empresa. Só assim sua organização terá acesso aos recursos necessários para se manter até que seja capaz de gerar receitas suficientes para cobrir as despesas.
Como o investimento fixo não tem liquidez imediata, erros no cálculo do capital de giro causam determinadas situações que evidenciam essa falta de equilíbrio. Fique atento a elas:
- utilização em demasia de capital de terceiros;
- financiamentos de longo prazo no início da sociedade;
- folha de pagamento comprometendo mais de 15% da receita;
- estoques excessivos;
- falta de controle de fluxo de caixa.
O que é capital de giro líquido?
O capital de giro líquido (CGL) corresponde à chamada folga financeira. Ele se refere à quantidade de dinheiro financiada pelos recursos próprios não imobilizados no ativo (patrimônio líquido) e pelo passivo exigível a longo prazo.
O CGL, de maneira simplificada, corresponde ao montante de recursos necessários para que o empresário honre todos os seus compromissos financeiros no curto prazo. Já o capital de giro se relaciona especificamente à operação da empresa e exclui, por exemplo, empréstimos (passivos) e saldo disponível (ativo), que entram na conta do capital de giro líquido.
Por isso mesmo, as exigibilidades de curto prazo — mão de obra, fornecedores, dívidas operacionais, tributos deferidos etc. — não devem financiar ativos permanentes ou imobilizados, sob risco de insolvência.
O que é capital de giro próprio?
No caso do capital de giro próprio, a referência é sobre a origem do dinheiro que cumprirá essa função. No dia a dia, funciona assim: o empresário faz os cálculos e percebe que a necessidade encontrada para pagamentos será atendida com recurso do próprio caixa, sem que precise contratar empréstimos, por exemplo.
Sendo assim, essa capacidade de autofinanciamento das empresas está relacionada ao capital de giro próprio. É ele que mantém um processo sustentável entre recebimentos e gastos, sem recorrer a fontes de terceiros, formando um ciclo positivo.
Mas atenção: o capital de giro fixo não se limita ao saldo azul no caixa. Algumas variáveis podem indicar, inclusive, o caminho oposto. Por isso mesmo, é fundamental saber calcular o capital de giro, tanto o próprio quanto o fixo.
Como calcular o capital que a empresa precisa?
Geralmente, entre 50% a 60% dos ativos de uma empresa representam o capital de giro. Como vimos, o tipo de negócio influencia diretamente no tamanho dessa fatia. Mas, em regra, quanto maior a necessidade de investimento nos estoques e quanto maior o prazo para o cliente pagar, mais recursos financeiros — ou capital de giro — a empresa deverá ter.
Sendo assim, as decisões de vendas e compras devem ser tomadas a partir de critérios e de uma análise dos recursos financeiros disponíveis na empresa. O gestor deverá ter em mente que, no caso da falta de recursos, um empréstimo acarretará em pagamentos de juros, o que diminuirá a margem de lucro anual da empresa. E isso também deve entrar na conta!
Enfim, administrar o capital de giro significa avaliar a situação atual, as sobras e necessidades de recursos, além dos efeitos gerados por decisões tomadas em relação à administração do caixa, compras e vendas.
Alguns fatores diminuem o capital de giro e devem ser evitados. Confira:
- aumento de custos;
- aumento das despesas financeiras;
- crescimento da inadimplência;
- redução de vendas.
Cálculo do capital de giro
Para começar, você precisará incluir algumas tarefas em sua rotina administrativa e financeira:
- mantenha um fluxo de caixa detalhado;
- conheça a fundo os recursos (lucro) da empresa;
- defina o tempo de duração do recurso para sua reposição constante.
Capital de giro líquido
O capital de giro líquido (CGL) é o resultado da subtração dos valores relacionados ao ativo circulante (AC) pelos valores do passivo circulante (PC), e pode ser representado pela seguinte fórmula:
- CGL = AC – PC
São exemplos de ativos circulantes:
- dinheiro em caixa;
- aplicações financeiras;
- dinheiro em bancos;
- duplicatas;
- mercadorias e bens em estoque;
- contas a receber.
São exemplos de passivos circulantes:
- contas a pagar;
- fornecedores;
- folha de pagamento;
- impostos;
- encargos sociais;
- dívidas com vencimento em um ano;
- empréstimos.
O resultado obtido representa como o passivo circulante está financiando o ativo circulante. Deve-se sempre buscar equilíbrio entre rentabilidade e risco. Lembre-se de que, no curto prazo, um investimento alto em ativos circulantes diminui a lucratividade da empresa, mas o contrário aumenta o risco de não honrar as obrigações financeiras.
Fazendo o cálculo do capital de giro líquido, o gestor pode avaliar seu planejamento estratégico, definindo, assim, sua política de compras, preços, além de prazos de recebimentos, por exemplo.
Capital de giro próprio
O capital de giro próprio tem como objetivo identificar se há necessidade de se buscar recursos de terceiros para financiar a operação. Para calculá-lo, você precisará do valor do patrimônio líquido (PL), correspondente ao capital social e a lucros acumulados, porém não distribuídos.
Além disso, tenha em mãos o valor do ativo permanente (AP), que são bens imobilizados, como imóveis, móveis, equipamentos e máquinas. O valor do ativo realizável a longo prazo (RLP) — o montante de financiamento de terceiros — também será necessário.
Com esses valores, utilize a seguinte fórmula:
- CGP = PL – (AP + RLP)
O resultado será negativo quando o ativo não circulante — que se divide entre o realizável a longo prazo e o permanente — tiver uma parcela maior de financiamentos de terceiros.
Isso acontece quando há:
- aquisição de ativos;
- distribuição de lucros;
- investimentos em outros negócios;
- gastos pré-operação.
Como obter recursos para formar o capital de giro?
Confira as principais maneiras que as micro e pequenas empresas têm para obter capital de giro:
Adiantamento de recebíveis
Se, para os próximos meses, há uma previsão de recebimento de créditos, a maneira mais barata e rápida de se conseguir capital é por meio de um adiantamento dos créditos recebíveis, sejam eles créditos eletrônicos ou cheques.
Dessa forma, o gestor não precisará esperar por 30 ou 60 dias para receber esse recurso obtido por meio das vendas realizadas no período. Mas, por outro lado, há uma taxa de juros para realizar esse serviço. Porém, dependendo da necessidade, pode ser uma boa solução.
Empréstimos bancários
Essa é a melhor opção quando a empresa não tem recursos para receber e precisa de capital extra. Mas o recomendável é que o empréstimo seja feito sempre com muito planejamento. Assim, ele poderá se tornar até mesmo um investimento para a empresa.
Faça um levantamento do quanto realmente precisa e trabalhe sempre com prazos realistas para pagamento. Também vale a pena pesquisar sobre o crédito rural e outras linhas de crédito disponíveis em diferentes instituições financeiras. E faça sempre simulações detalhadas.
Observe o valor mínimo da fatura, mas tente sempre pagar o valor integral da prestação, evitando, assim, juros extras.
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Conta garantida
Trata-se de um tipo de crédito rotativo, que lembra o cheque especial, porém com taxas mais em conta. Nesse caso, a instituição financeira disponibiliza o crédito baseado em algum tipo de garantia, como duplicatas, recebíveis representados por cheques, créditos eletrônicos etc.
A empresa apresenta esses créditos, que são descontados da conta-corrente, cobrindo os gastos até que seu saldo seja suficiente.
Leve em conta que, para conceder crédito, o banco faz uma análise da organização, como seu fluxo de caixa, capacidade de pagamento, situação cadastral (Serasa e SPC), créditos anteriores, capacidade de gerar receita, entre outras variáveis.
Dependendo de sua possibilidade de honrar com as obrigações, a instituição financeira poderá oferecer taxas até mesmo menores do que as praticadas no cheque especial.
Sale and Lease Back
O Sale and Lease Back é um acordo comercial que prevê a venda do imóvel da empresa que, imediatamente, é financiado pelo empreendimento. É como se a organização vendesse seu local de funcionamento e passasse a “pagar um aluguel”, sem a necessidade de uma mudança de endereço.
O contrato, geralmente, prevê um longo prazo, de 10 a 20 anos. Ao final, a empresa recupera o imóvel. Claro que é uma alternativa radical, mas necessária em alguns casos.
Por que é importante gerenciar o capital de giro da melhor maneira possível?
Quando uma empresa conhece seu fluxo de caixa e sabe exatamente quanto tem de capital de giro, ela poderá:
- manter o caixa positivo, sempre pagando as contas de curto prazo;
- conhecer o momento certo para comprar e os prazos que realmente poderá assumir;
- suprir as necessidades das atividades operacionais;
- manter as contas do ativo e do passivo equilibradas;
- permitir a criação de riqueza na empresa em longo prazo.
Por outro lado, quando há um mau controle do capital de giro, os riscos operacionais crescem, deixando a empresa suscetível a um caixa negativo, o que acaba comprometendo a realização das atividades.
E não basta conseguir capital de giro: é preciso mantê-lo! Confira algumas dicas de como controlar seu capital de giro:
Corte gastos
Analise bem os custos de sua empresa. Mas não adianta sair cortando gastos. Muitos são realmente necessários e o gestor não pode simplesmente cortá-los — mesmo em um momento de desespero.
Faça uma lista com todos os gastos e elimine apenas os que não afetam a produtividade, a qualidade do atendimento e o bem-estar dos funcionários. Também é interessante envolver a equipe nessa discussão, definindo metas internas para a redução de custos e as recompensas para quando elas forem atingidas.
Torne os processos mais produtivos
Tenha sempre como objetivo fazer mais com menos recursos e prazos menores. Mas nunca coloque em risco a qualidade de vida no trabalho. Já se sabe que empresas com colaboradores insatisfeitos tendem a ter uma queda no desempenho.
Controle inadimplentes
Existem dois tipos de inadimplência: a preventiva e a corretiva. No primeiro caso, a meta é evitar problemas, como limitar o crédito aos bons pagadores. Já no segundo caso, é importante ter uma política clara para realizar o contato, negociar e reaver os valores não pagos ou atrasados.
Negocie com fornecedores
Para você, é sempre melhor um cliente pagar de forma parcelada do que não pagar, certo? O seu fornecedor pensa o mesmo! Por isso, sempre que necessário, converse com ele e negocie melhores condições de pagamento.
Reduza o ciclo financeiro
O ciclo financeiro se refere ao período entre a compra junto ao fornecedor e o recebimento pelo cliente. Quanto maior for esse ciclo, maior será a necessidade de giro de capital.
Sendo assim, além de negociar prazos mais atrativos nas compras, priorize maneiras mais rápidas para receber, como o boleto e o cartão.
Conheça o fluxo de caixa
Sem dúvida, a mais importante dica de controle de giro de capital. Observando o fluxo de caixa, com o pontual e correto registro de receitas e despesas, o gestor poderá identificar falhas e descobrir por que não sobra dinheiro ou onde há margens maiores para aplicar políticas de cortes.
O que é possível concluir?
Administrar o capital de giro da sua micro ou pequena empresa significa avaliar o momento atual, as sobras e as faltas de recursos, além dos reflexos gerados por tomadas de decisões em relação a vendas, compras e à administração do caixa.
Fique atento a esses fatores, porque uma gestão ineficiente afeta drasticamente o fluxo de caixa e pode levar a consequências, como inadimplência e até mesmo o fechamento da empresa.
Por isso mesmo, quando for necessário, não hesite em buscar capital de giro para seu empreendimento. Ter uma reserva pode ser o diferencial para a sua sobrevivência no mercado, claro, sempre com muito planejamento!
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