Finanças Pessoais: saiba como organizar seu orçamento
Para ter uma vida financeira saudável, é fundamental ter conhecimento das próprias finanças: saber exatamente o quanto se ganha e o quanto se gasta. Porém, mesmo atualmente, falar sobre dinheiro com o grupo familiar ainda pode ser um tabu. Confira algumas reflexões e dicas de Patrícia Palermo, economista chefe da cooperativa Cresol, e aprenda como planejar melhor seu orçamento para conseguir alcançar seus objetivos.
Este artigo foi baseado no CresolCast #6 – Finanças pessoais, que você pode ouvir abaixo:
Índice
Falar sobre finanças pessoais ainda é um tabu?
No Brasil, há pouca cultura de educação financeira. Falar sobre as finanças dentro de casa ainda não é um hábito tão comum entre as famílias. Pais e filhos – e mesmo casais – por vezes têm dificuldades em falar abertamente sobre dinheiro. Porém, falar e saber exatamente o quanto se ganha e o quanto se gasta nos ajuda a não criar mitos a respeito deste assunto.
Para alcançar nossos objetivos financeiros, temos que começar a enxergar e lidar com nossas finanças de maneira plena. Reconhecendo a importância de ter uma poupança, por exemplo, o que no Brasil não é considerado uma prioridade.
Recentemente, essas discussões têm avançado e mostrado cada vez mais a sua importância. Há mais abertura para discussões sobre educação financeira, mais conteúdo sendo produzido e disseminado – como o próprio podcast da Cresol, o CresolCast.
E essa mudança também tem aparecido nas conversas familiares, auxiliando assim que todos os membros se organizem e lidem melhor com a vida financeira, seja individual ou coletiva.
Como manter o orçamento equilibrado?
A primeira coisa necessária para manter um orçamento familiar equilibrado é saber de que tamanho é seu orçamento. Você precisa saber em detalhes: quanto você recebe, quanto você gasta e como você gasta.
Primeiro: olhe para a sua receita, sua fonte de renda. Anote o quanto e quando exatamente de recursos você recebe.
Depois olhe para todos os seus gastos. Essa tarefa exigirá mais atenção. Às vezes, nós sabemos quais são nossas maiores e principais contas e despesas, mas deixamos passar itens importantes na totalidade dos gastos. Com isso, gastamos mais do que realmente podemos.
Despesas extras e alguns pagamentos dispersos ao longo do mês podem custar pequenas quantias que ao fim de um ano somam uma grande quantidade de dinheiro.
Portanto, não confie apenas na sua memória: pegue papel e caneta, abra uma planilha no Excel ou baixe um aplicativo – e anote tudo que você gastou. Monitore seus gastos e assim, reconheça para onde seu dinheiro está indo.
Isso o ajudará a definir seu orçamento e estilo de vida. Você precisa se perguntar se a vida que você leva é compatível com a renda que você tem, e viver com alguma folga no seu orçamento. As despesas extraordinárias não fazem parte da ordem do dia, mas sempre vão aparecer. A vida é incerta. Até mesmo a nossa receita tende a ser variável no tempo. Só conhecendo claramente quanto você ganha e quanto você gasta, você consegue começar a fazer um planejamento.
Esse planejamento pode começar com uma adequação desse orçamento: faça escolhas em que você abre mão de certos gastos, reduz outros, e tenta guardar um espacinho para montar as reservas. Elas vão ser super importantes para você conseguir financiar os seus objetivos de curto, médio e longo prazo. E também para dar segurança no caso de acontecer alguma situação que não esteja prevista.
Planejamento e reservas financeiras
Muitas vezes planejar as finanças pessoais não significa alcançar um ganho maior, mas sim equilibrar melhor o recurso que as pessoas possuem em seu orçamento. Em tempos de pandemia, por exemplo, muitas pessoas viram a sua renda diminuir. E diante dessa dificuldade de reduzir gastos, ficou muito clara a importância de ter uma reserva econômica.
Algumas pessoas esperam em algum momento da vida ganhar um bônus, uma herança que não esperavam, um sorteio… para a partir daí então guardar esse dinheiro numa poupança. É melhor não esperar isso acontecer. As reservas têm que ser formadas a partir do nosso comportamento de regrar os nossos gastos a menor do que os nossos ganhos.
Poupar precisa ser um hábito. Repita o mantra: muito mais importante do que poupar muito, é poupar sempre. Poupar cotidianamente.
Uma solução é a reserva de emergência. As reservas de emergência ajudam a passar por momentos mais difíceis de uma maneira mais calma.
Quanto é preciso ter guardado na reserva de emergência? A literatura especializada sugere algo entre três e seis meses de gasto. Na prática, isso significa que se você tem um gasto mensal de três mil reais, você tem que poupar o equivalente a nove mil até dezoito mil, de três a seis meses. Quem é avesso ao risco vai poupar um pouco mais para ter uma margem de segurança.
Essa reserva tem que estar em algum tipo de aplicação financeira, cuja maior importância é ter liquidez, isso é, você deve ter a facilidade de sacar esse recurso e poder fazer uso dele. Para esse tipo de reserva, você abre mão de rentabilidade, não é esse o foco. O foco é ter liquidez. Se tiver rentabilidade, é bônus na jogada.
Existem outros tipos de reservas, que são as reservas aquisitivas. Através dessas, você vai conseguir fazer o financiamento dos seus objetivos. Dar entrada em uma casa, em um carro, cursar um determinado curso de pós-graduação, fazer uma poupança para estudar: para isso servem as reservas aquisitivas. Elas vão ajudar a realizar objetivos de curto e médio prazo.
E existe um outro tipo de reserva que a gente costuma falar muito pouco, mas que é cada vez mais relevante numa sociedade como a nossa, que está envelhecendo rápido. Há estados no Brasil, como o Rio Grande do Sul, em que a população com mais de sessenta anos é maior do que a população com menos de quatorze anos. E uma sociedade que está envelhecendo precisa começar a falar de coisas que dizem respeito a esse processo, como a aposentadoria.
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Sabemos que ao longo da vida nossa capacidade de trabalhar se reduz. Então para que no futuro nosso consumo não tenha que sofrer reduções muito grandes, a gente pede para o nosso “eu do presente” fazer um esforcinho para ajudar o nosso “eu do futuro”. É uma reserva de longo prazo.
Enfim, para qualquer uma dessas finalidades, teremos sempre na composição das reservas uma ajuda para viver de maneira mais tranquila. Isso tem que ser uma decisão cotidiana: privilegiar a questão da tranquilidade financeira através das nossas escolhas de consumo.
Você pode lembrar sempre dessa frase: a gente pode não escolher quanto a gente ganha, mas a gente sempre vai ter uma grande capacidade de definição de quanto a gente gasta. E é isso que vai definir a nossa capacidade de fazer reservas.
Taxas de juros e rentabilidade no futuro
Com as taxas de juros baixas, existe claramente um estímulo para as pessoas consumirem mais. E se as pessoas consomem mais hoje, elas acabam poupando menos. O que não podemos jamais esquecer é que poupamos hoje para, na verdade, garantir nosso consumo do amanhã. Se pouparmos menos hoje, menor será a nossa contribuição.
As taxas de juros ajudam esses recursos poupados a crescerem ao longo do tempo. Muitas vezes ouvimos falar das taxas de juros quando as pessoas estão querendo se referir às suas dívidas. Elas falam que “os juros compostos são juros sobre juros. Ao longo do tempo, sua dívida cresce enormemente.”
Mas na perspectiva dos poupadores, os juros sobre juros são um fermento que faz esse bolo de recursos poupados crescer, portanto representam algo bom. Quando temos uma taxa de juros baixa e que tende a se preservar baixa ainda durante um bom tempo, como vivemos hoje na economia brasileira, enxergamos os recursos poupados crescerem numa taxa mais lenta.
O que significa que a responsabilidade de fazer com que os montantes sejam maiores no futuro depende muito dos valores que efetivamente cada um poupa. Então, quando a taxa de juros é baixa, por maior que seja a tentação do consumo, temos que ter sempre em mente que a nossa responsabilidade quanto à nossa poupança fica cada vez maior.
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Finanças pessoais é um tema muito importante e capaz de mudar a vida das pessoas, especialmente nesse momento em que vivemos. Falar sobre economia, poupança e educação financeira deve estar cada vez mais presente na nossa rotina. Para mais conteúdos como este, siga acompanhando o blog da Cresol.