Empreendedorismo, reinvenção e inovação em tempos de Covid-19
Houve um tempo em que a palavra ‘empreendedorismo’ não era reconhecida pela língua portuguesa. Porém, o termo se tornou cada vez mais utilizado para definir pessoas capazes de identificar problemas, oportunidades e encontrar soluções inovadoras. E o Brasil, é um dos países que apresenta maior potencial para o empreendedorismo. De acordo com a Global Entrepreneurship Monitor (GEM), a taxa de empreendedorismo total no país em 2018 era de 38%, cerca de 52 milhões de brasileiros se dedicando ao próprio negócio.
Em meio a pandemia do novo coronavírus, que tem afetado radicalmente a economia, passou-se a exigir uma nova dinâmica de trabalho em todas as áreas. O mercado têm enfrentado dificuldades para encontrar formas de manter o consumo e o contato com o público. Além disso, tornou-se necessário readaptar as ofertas de serviços para manter a saúde financeira do negócio, sem grandes prejuízos. A paralisação da economia, provocada pela Covid-19, o distanciamento e o isolamento social, podem erradicar, segundo pesquisas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), quase 25 milhões de empregos em todo o mundo. Na contramão da crise, o Portal do Empreendedor apurou que mais de 327 mil pessoas tornaram-se microempreendedores individuais (MEI) e os números continuam subindo.
Em tempos de incertezas sobre o que virá pela frente, a inovação está cada vez mais presente na pauta corporativa. Ela pode ser entendida como algo novo para a organização e para as pessoas por ela impactadas. Através dela, tornou-se possível que os empreendedores viabilizem a realocação de recursos, a dinamicidade da empresa e a entrega dos serviços de maneira ágil, segura, eficiente e facilitada diante da pandemia que parou o mundo. Grande parte das organizações já se encontra, de alguma forma, em uma jornada de inovação.
Os novos desafios da família Luza
Em meio a pandemia, seu Landi Luza e a família começaram a ver as contas chegarem e o dinheiro sumir. A loja, que ficava em um shopping da cidade de Chapecó, fechou por conta da Covid-19 e o sustento da família estava ameaçado. Com contas para pagar e centenas de produtos financiados no estoque, surgiu a ideia de buscar um novo espaço para o negócio. Foram cerca de 30 dias em busca de um local no centro da cidade.
A caminhada foi longa e a família contou com a ajuda da Cresol Chapecó para se reerguer. “A procura pela Cresol surgiu de uma necessidade, mas fomos muito bem atendidos, sou muito grato pela ajuda que recebi e continuo recebendo”, salienta o associado. Seu Landi lembra com carinho da assistência que recebeu, “eu me senti muito honrado por ter um atendimento tão atencioso e a cooperativa nos deu uma força muito grande”.
A tecnologia também foi uma das grandes aliadas da família Luza, que implantou através das mídias sociais, o serviço de vendas pela internet e passou a oferecer um serviço de entrega a domicílio, para assim garantir a segurança dos clientes em meio a pandemia. Em uma das mídias sociais, a loja tem mais de 800 seguidores.
Ladir relembra que seu empreendimento, Luza Papelaria e Brinquedos, ainda está se adequando aos novos desafios e apesar de não estar consolidado, está no caminho. Em meio aos momentos difíceis, ele descobriu o tamanho de sua força e a vontade de se superar. E para aqueles que sonham em empreender, a dica do seu Ladir é “nunca desista dos seus sonhos, persista até onde for possível”.
Empreendedorismo feminino: o doce sonho de Fernanda
Elas são resistência por onde passam, são força e podem estar no lugar e na posição que quiserem. As mulheres, representam, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua, 2018), 51,7% da população brasileira. No empreendedorismo, segundo a pesquisa GEM Brasil (2015), representam 15,4% e elas empreendem movidas principalmente pela necessidade de ter outra fonte de renda, ou de adquirir independência financeira. A Fernanda, é uma dessas mulheres que buscou no empreendedorismo uma forma de se tornar independente para realizar seus sonhos.
Para arcar com a tão sonhada graduação em Jornalismo, Fernanda Hinning precisava ingressar no mercado de trabalho. Para estudar, ela se deslocava de Pinhalzinho-SC para Chapecó-SC todos dias, um trajeto que leva cerca de uma hora. Os horários não facilitavam a vida da acadêmica e foi aí que surgiu a ideia de vender brigadeiros. Eram fáceis de serem produzidos e transportados. “O objetivo era vender somente na universidade, mas acabei criando um conta nas redes sociais para divulgar e foi crescendo”, relembra a estudante. Atualmente, a conta da doceria em uma mídia social conta com mais de 100 seguidores.
A pandemia fez com que Fernanda perdesse seu maior ponto de vendas, a universidade, mas ela não desanimou. “Tive que me reinventar, criar novas receitas, buscar meios de divulgação, investi em bolos e outros doces, buscando cursos na internet. Investi em uma maquininha de cartão e estou buscando clientela aqui no município. Às vezes, vou vendendo de porta em porta”, conta. O cardápio ganhou bolos simples, vulcões e de ponte, cones trufados, brownie de pote, palha italiana e especiais para as datas comemorativas.
Nos meses de junho e julho acontecem por todo o país as famosas festas, uma das maiores representantes da cultura popular do Brasil, além de movimentar o turismo local, movimentam o comércio e geram empregos. Mas a Covid-19 impossibilitou as festas. Para Fernanda, a falta das comemorações não abalou seu negócio, ela resolveu criar uma ‘festa junina na caixa’, com diversos quitutes consumidos nesse período. O cliente monta sua caixa de delícias e comemora a data com a família, sem sair de casa.
Para a jovem de 19 anos, todos são capazes de empreenderem e deixa uma receita: “É preciso confiar no seu taco e investir em algo que gosta de fazer. É preciso ainda, investir em divulgação, parcerias, buscar por novidades e inovar sempre. Por fim, é preciso investir no seu cliente para ter sucesso”. E olha que de receita a Fernanda entende.