Cooperativa: o que é e como funciona?

Imagine um grupo de trabalhadores que também são donos do próprio negócio. Essa realidade existe e se chama cooperativismo. Ele surge a partir da união de forças, ajudando todas as pessoas a progredirem juntas. Quer saber mais? Então continue conosco para aprender o que é uma cooperativa e como fazer parte desse sistema.
Uma sociedade cooperativa é uma livre associação entre trabalhadores da mesma atividade econômica. O grupo se forma para prestar serviços de qualidade aos membros e para obter vantagens competitivas no mercado.
Para ilustrar, digamos que você precise adquirir equipamentos antes de abrir uma loja. Porém, sem capital inicial, o jeito é recorrer a um financiamento.
Pequenos empreendedores têm dificuldade de obter crédito nas instituições bancárias, pois há pouca garantia de retorno. Num caso desses, uma ótima alternativa seria associar-se a uma cooperativa para ter acesso aos recursos.
Como o cooperativismo não visa ao lucro, o dinheiro arrecadado é reinvestido na própria organização. Assim os participantes conseguem oferecer todo tipo de facilidades: empréstimo a juros baixos, cursos de capacitação e até compra coletiva de materiais (o que dilui os custos de transporte, por exemplo).
Dica: O que é cooperativismo?
As cooperativas do Brasil estão distribuídas em sete ramos, conforme o trabalho exercido. Veja quais são eles:
O ramo agropecuário engloba não só produção agrícola e de gado, mas também as atividades extrativista, agroindustrial, aquícola e pesqueira. Cabe às cooperativas receber, armazenar, beneficiar e comercializar os produtos dos participantes. Além disso, elas oferecem assistência técnica e programas educacionais.
As cooperativas de crédito existem para oferecer soluções financeiras aos cooperados. Empréstimo, cartão de crédito e investimento em aplicações rentáveis são algumas das opções. O destaque vai para as condições de contratação, adequadas à realidade do indivíduo. É possível oferecer taxas mais baixas e flexibilizar os prazos de pagamento.
Esse ramo envolve grupos que atuam na prestação de serviços de transporte, tanto de carga quanto de passageiros. As cooperativas são criadas conforme a modalidade: transporte individual (táxi e mototáxi), transporte coletivo (vans, ônibus etc.), transporte escolar e frete. Elas atuam para qualificar as frotas dos cooperados, garantindo segurança e conforto nas viagens.
Esse é um termo guarda-chuva que abarca diversos tipos de cooperativas. Em comum, elas têm a característica de prestar um serviço especializado. Podem ser grupos de recicladores, artesãos, professores, profissionais de turismo e lazer, entre outros. A ideia é atender às necessidades específicas desses setores.
Pioneiro nesse segmento, o Brasil é o país com maior número de cooperativas dedicadas à promoção da saúde. O ramo reúne médicos, odontólogos, enfermeiros e demais profissionais da área. As cooperativas também são consideradas operadoras de saúde, então podem ofertar planos privados de assistência médica para os participantes.
O ramo do consumo envolve cooperativas cujo objetivo é fazer compras coletivas – em supermercados, farmácias e por aí vai. Isso garante preços mais baixos e melhores condições de pagamento aos cooperados. Ainda, há os grupos que contratam serviços educacionais ou de turismo.
Por fim, as cooperativas de infraestrutura disponibilizam serviços essenciais aos membros, tais como eletricidade e telefonia. Elas podem repassar a energia de concessionárias ou gerar a própria para ajudar no desenvolvimento de pequenos e médios empreendimentos. O ramo inclui, ainda, as cooperativas de construção de imóveis para moradia.
As organizações dessa natureza funcionam com base na Lei Nº 5.764/71, que institui a Política Nacional de Cooperativismo. Por não haver lucro, a legislação garante benefícios como a isenção de alguns impostos. Isso torna a operação viável inclusive para grupos com recursos financeiros modestos.
Na cooperativa tampouco existe hierarquia. Todas as decisões são coletivas e democráticas. Elas ocorrem nas assembleias, reuniões nas quais os participantes discutem sobre os rumos da instituição, sobre a melhor maneira de investir o capital, etc.
As assembleias também servem para eleger os representantes dos cooperados e para definir o estatuto, o conjunto de regras da associação.
Todos os membros podem votar nessas ocasiões, fazendo com que o poder decisório esteja nas mãos da maioria. Essa medida assegura que a cooperativa atenda às necessidades e aos interesses do grande grupo.
Dica: Entenda a importância de participar das assembleias de sua cooperativa
Agora que você já sabe o que é uma cooperativa, vamos aos motivos para tornar-se parte desse modelo de negócio. Lembre-se: qualquer indivíduo pode participar, desde que se identifique com o propósito da organização.
Quem atua por conta própria nem sempre tem meios suficientes para investir em qualificação profissional ou para comprar insumos a um preço competitivo. Associar-se a uma cooperativa é uma saída para melhorar as condições de trabalho.
Os sócios de uma organização são os mais interessados no sucesso da empreitada, certo? Seguindo essa lógica, todos os associados cooperam para o bem coletivo. Eles denunciam falhas, sugerem melhorias e colaboram para construir um futuro melhor juntos.
As sobras monetárias do ano são repartidas entre os membros da cooperativa. Esse dinheiro pode ser dividido entre os cooperados ou então reinvestido para o custeio das operações. A decisão sobre o destino da verba acontece em assembleia.
O cooperativismo parte da ideia de que, quando um ganha, todos se dão bem. Se a loja da dona Maria expande as atividades, por exemplo, ela contrata jovens do bairro para serem seus aprendizes. E esses terão dinheiro para aquecer a economia local. Ou seja: cria-se um círculo virtuoso de empregabilidade, renda e prosperidade para as pessoas ao redor.
Você já deve ter se sentido “apenas mais um cliente” na fila de um serviço, certo? Só que a cooperativa é diferente. Cada membro é uma história de vida que contribui para o sucesso da organização. Por isso, o atendimento é caloroso e mais próximo.
Gostou da proposta? Quer se associar? Siga o passo a passo abaixo para ingressar numa cooperativa. É bem simples:
Esse documento descreve o objetivo da organização e as normas que a regem. Leia o material com cuidado para entender quais serão suas responsabilidades, seus direitos e os benefícios que você conquistará enquanto membro da cooperativa.
Busque informações com quem já participa do movimento para ter certeza de que a associação é confiável. Também vale procurar os órgãos fiscalizadores. Cooperativas de crédito, por exemplo, são monitoradas pelo Banco Central.
Ao inscrever-se na organização escolhida, você deve apresentar documento oficial com foto, CPF, comprovante de residência e comprovante de renda. Pessoas casadas ainda precisam entregar certidão de casamento e documentos do cônjuge.
Essa quantia simbólica serve para bancar as despesas operacionais da instituição. Você pode adquirir quantas cotas quiser. Havendo sobras do exercício no fim do ano, o retorno será proporcional ao dinheiro investido inicialmente.
Para encerrar o artigo de hoje, vamos a algumas curiosidades que ilustram a força do cooperativismo no Brasil e no mundo. Você vai se surpreender com as informações a seguir!
A primeira cooperativa do mundo surgiu em 1844, no bairro de Rochdale, em Manchester (Inglaterra). À época, 27 homens e uma mulher, a maioria tecelões, enxergou no associativismo uma forma de melhorar sua condição econômica a partir da compra e venda comum de mercadorias. Os princípios da organização formaram a base do que, hoje, é o cooperativismo.
A primeira cooperativa de crédito do Brasil ainda se encontra em atividade. Ela foi fundada em 1902, pelo padre suíço Theodor Amstad, na cidade de Nova Petrópolis/RS. Era uma iniciativa que visava a melhorar as condições de vida daquela comunidade.
Estima-se que existam cerca de 1,2 bilhão de cooperados no mundo inteiro. O movimento cooperativista está presente na maior parte dos países do globo. Os dados são do ICMIF (The International Cooperative and Mutual Insurance Federation).
Segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras – Sistema OCB, o número de organizações desse tipo no país chega a 5.314, conforme informações compiladas até dezembro de 2019. Ao todo, são 15.539.376 cooperados em todo o território nacional, considerando-se os sete ramos de atuação.
A maioria das cooperativas brasileiras é do ramo agropecuário (1.223 organizações). Em segundo lugar vêm as associações do setor de transporte (1.093), seguidas pelas cooperativas de trabalho (860).
O cooperativismo agropecuário é responsável por quase 50% do PIB agrícola, de acordo com o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). O Sistema OCB aponta que esse setor emprega por volta de 198 mil pessoas.
Somando dados mundiais, as cooperativas chegam a empregar 20% mais pessoas do que as multinacionais; esse valor representa mais de 100 milhões de empregos diretos.
E então, o que achou do conteúdo de hoje? Esperamos que o artigo tenha tirado suas dúvidas sobre o funcionamento de uma cooperativa. Se você gostou do assunto e quer se aprofundar, siga acompanhando o blog da Cresol para mais informações. Até a próxima!
Categorias: Cooperativismo